Cuidadores informais: quem são?!





Cuidadores informais. Aquelas pessoas extraordinárias que cuidam dos seus entes queridos, sejam filhos, pais, netos, avós, marido, mulher, tios, enfim, toda uma possibilidade de parentescos. Pessoas que optaram cuidar dos seus ao invés de os colocar em instituições ou lares. Pessoas que das duas uma: abdicaram das suas carreiras para dar toda a assistência aos seus ou estavam desempregadas e entretanto, devido às circunstâncias da vida, tiveram e quiseram cuidar dos seus quando estes precisaram. São opções, são obrigações, isso não é o que mais me interessa neste momento.
Passei por este papel juntamente com a minha mãe durante mais de 10 anos. Houve uma altura em que tínhamos ao nosso cuidado duas pessoas, duas pessoas maravilhosas que eram os meus avós, pais da minha mãe. Avós com quem cresci, com quem aprendi, com quem vivi desde que nasci. Fui tão feliz com eles!
No entanto, quem assumiu um papel mais ativo, claro, foi a minha mãe, porque eu estava a estudar e, por isso mesmo, não podia estar a tempo inteiro a apoia-la. Foram dez anos de fraldas, de banhos, de vestir, de trocar roupa, de limpar, de arrumar a casa, de fazer todas as refeições, de levar a consultas, de chegar ao ridículo de termos de levar a minha avó a uma junta médica para que lhe fosse atribuído um apoio complementar e a médica dizer a uma pessoa que estava acamada há 8 ou 9 anos para se por de pé. Que vergonha. Depois de todos os documentos de exames, do médico de família, não se trata assim ninguém. Mas isto já são outros quinhentos.
O estatuto do cuidador tarda em chegar. Estas pessoas que fazem de tudo para garantir o bem estar dos seus não têm qualquer retaguarda. Quem lhes dá apoio psicológico? Quem lhes dá apoio financeiro? E não, não serve de argumento o complemento de apoio à 3ª pessoa, porque uns míseros cento e poucos euros nem para fraldas chegam. Quem lhes garante carreira contributiva? Sim, porque estas pessoas também têm direito a ver todos os anos que passam como cuidadores reconhecidos como anos de trabalho. Lamento se alguém não concorda, mas lamento mais não perceberem todos os direitos que estas pessoas fantásticas devem ter.
Quando alcançaram um nível de exaustão tal que lhes afeta a própria saúde que retaguarda têm? E não, não chegam as duas (ou coisa que o valha) semanas possíveis de internamento das pessoas que estão ao seu cuidado para descansar.
Ser cuidador informal não é como ter um trabalho de 40 horas semanais. Ser cuidador é cuidar com amor, carinho e todos os meios necessários, 24 horas por dia, 168 horas por semana, 672 horas por mês, 8064 horas por ano, multiplicadas pelos anos que têm os seus ao pé de si. Por isso, por favor, não deixem esta injustiça continuar. Vamos todos lutar para que os seus direitos sejam reconhecidos.
Não podemos fazer de conta que eles não existem.
Um abraço de agradecimento e coragem a todos os que são ou foram cuidadores!


Podem acompanhar o trabalho da Associação Nacional de Cuidadores Informais e ajuda-los nesta luta! Associação Nacional de Cuidadores Informais

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